domingo, 21 de fevereiro de 2016

FECHANDO CÍRCULOS - PAULO COELHO

É preciso saber sempre quando se acaba uma etapa da vida.
Se insistirmos em permanecer nela, depois do tempo necessário,
perderemos a alegria e o sentido do resto. Fechando círculos, 
 fechando portas ou fechando capítulos, como queiras chamar;
o importante é poder fechá-los, deixar ir momentos da vida,
que se vão enclausurando.
Terminou seu trabalho? Acabou a relação? Já não mora mais nessa casa? Deve viajar? A amizade acabou? Você pode passar muito tempo do seu presente dando voltas ao passado, tentando modificá-lo... O desgaste será infinito, porque na vida, você,
seus amigos, filhos, irmãos, todos estamos destinados a fechar capítulos,
virar páginas, terminar etapas ou momentos da vida, e seguir adiante.
Não podemos estar no presente sentindo falta do passado. O que aconteceu, aconteceu. Não podemos ser filhos eternamente, nem adolescentes eternos,
nem empregados de empresas inexistentes,
nem ter vínculos com quem não quer estar vinculado a nós.
Os acontecimentos passam e temos que deixá-los ir!
Por isso, às vezes é tão importante esquecer de lembrar, trocar de casa,
rasgar papéis, jogar fora presentes desbotados, dar ou vender livros...
As mudanças externas podem simbolizar processos interiores de superação.
Deixar ir, soltar, desprender-se...
Na vida ninguém joga com cartas marcadas,
e se tem que aprender a perder e a ganhar.
O passado passou: não espere que o devolvam. Também não espere reconhecimento, ou que saibam quem você é. A vida segue para frente, nunca para trás.
Se você anda pela vida deixando portas "abertas", nunca poderá desprender-se,
nem viver o hoje com satisfação.
Casamentos, namoros ou amizades que não se fecham, 
 possibilidades de "regresso" (a quê?), necessidade de esclarecimentos,
palavras que não foram ditas, silêncios...
Se você pode enfrentá-los agora, que o faça! Não por orgulho ou soberba,
mas porque você já não se encaixa ali, naquele lugar, naquele coração,
naquela casa, naquele escritório, naquele cargo...
Você já não é o (a) mesmo (a) que foi há dois dias, há três meses, há um ano... Portanto, nada tem que voltar. Feche a porta, vire a página, feche o círculo!
Você nunca será o mesmo, e nem o mundo à sua volta, porque a vida não é estática. É saúde mental, amor por você mesmo,
desprender-se do que já não está em sua vida.
Lembre-se de que nada, nem ninguém é indispensável.
É um trabalho pessoal aprender a viver com o que dói, deixar-se ir.
É processo de aprender a desprender-se.
E isso o (a) ajudará definitivamente a seguir para frente com tranqüilidade.
Essa é a vida!