sexta-feira, 11 de novembro de 2011

VAMOS CONHECER ESSA CIDADE AMIGAVÉL (ESPANHA)

Existem cidades que nos dão vontade de sair à rua e ficar, pelas condições que oferecem ao usuário. As cidades espanholas são assim, e Barcelona em particular.
Um amigo de lá uma vez me disse que Barcelona deve ser uma das poucas cidades no mundo em que o pedestre ganha contínuamente espaço urbano: calçadas são alargadas e urbanizadas, novas praças são criadas em miolos de quarteirão, áreas antes privadas viram públicas, etc.
                   
Me impressiona sobremaneira o hábito de transformar qualquer meia dúzia de metros quadrados em uma pracinha, com banco, lixeira e poste de luz. Ao longo das ruas esse equipamento é uma constante, transformando o espaço urbano de muitas cidades espanholas em uma grande sala de estar a céu aberto, onde se pode ler ao sol e encontrar os amigos.
Mas o que é notável não é apenas a provisão de espaço urbano público; isso também ocorre por aqui, em alguma medida. O que é invejável é o cuidado com que qualquer espaço aberto é tratado. Esse cuidado transparece no projeto de cada espaço, mesmo os menores, e na qualidade do equipamento utilizado.
Claro, temos que considerar as diferenças culturais e econômicas entre a Europa e o Brasil, o que faz com que a depredação dos equipamentos públicos seja uma constante. Mas isso não pode ser justificativa para que se aceite o que se tenta impingir a nós como "paisagismo". Sobre um pedaço de terreno são atiradas quadras esportivas, bancos, postes, plantas, brinquedos infantis, sem nenhuma noção de ordem e de relação entre as partes, e entre a praça e a cidade. Sem falar que os objetos ali colocados são, geralmente, de péssimo design e construtivamente débeis.
Por falar nisso: quem projeta essas praças? Que tal fazer concursos públicos para escolher os projetos, dando mais chance à cidade de ter coisa melhor e ajudando a desenvolver a arquitetura local.

A nossa falta desses espaços é tanta que agradecemos aos céus por qualquer coisa que nos ofereçam: "melhor isso do que nada", não é o que se ouve? Já não está na hora de acordarmos e exigirmos espaços urbanos de melhor qualidade?
(Texto Edson Mahfuz)